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DJ MC Fino

CONTE-NOS SUA HISTÓRIA

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Biografia DJ MC Fino

Entrevista por Keila Serruya Sankofa

Texto Jéssica Dandara

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“A história do hip hop é assim, foi construído ao mesmo tempo, em vários lugares, por muitas pessoas, algumas pessoas se destacaram, outras não, alguns até hoje não são conhecidos e

nem reconhecidos”

DJ MC Fino


 

Lúcio Márcio Perez da Santa Cruz, o DJ MC Fino, é filho de Cipriano da Santa Cruz e Francisca Perez da Santa Cruz. Amazonense, nasceu em 4 de setembro de 1969. Tem uma trajetória ligada às ruas e à juventude, por meio do movimento hip hop, humanizando vidas e corpos que não são agressivos, mas que foram brutalizados.

 

DJ MC Fino tem no hip hop uma responsabilidade social para instruir jovens a terem o conhecimento que ele não tinha na juventude. Fino, como também é conhecido, é um cara da rua. A rua é um espaço de diversas vivências, e, durante um tempo, seu contato nesse ambiente foi pelo caminho das drogas. Porém, também foi nessas andanças rua à fora que foi chamado a atenção pelos grupos de b.boys e b.girls que dançavam na rua, se aproximando, assim, do movimento hip hop, nos anos 80.

 

O movimento hip hop foi extremamente importante para a sua saída do mundo de vícios, pois como começou dançando, precisava de resistência física para se manter neste caminho, e foi assim, trazendo qualidade de vida que o hip hop chegou ao DJ MC Fino.

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Foi a partir de 1988 que DJ MC Fino começou a entender que o que fazia era parte dos elementos da cultura hip hop. O codinome “Fino”, veio do seu cuidado nas rimas, de não ofender mulheres, LGBT’s.

 

Fino, vê no hip hop uma forma de resgatar e cuidar de outros jovens, assim como ele também foi cuidado. Uma de suas ações é o projeto RAPensando, em um presídio da cidade, e outros projetos como o Opção Sonora, focado em trabalhar com a juventude. É um trabalho humano e sensível, de olhar e acompanhar esses jovens de uma maneira diferente de quando ele, ainda jovem, começou a sua atuação no movimento hip hop.

 

“Eu tinha o pensamento de que no dia que eu não tiver estrutura, sempre irei oferecer a quem não tem, e sempre vou ter a paciência que não tiveram comigo”

 

O projeto RAPensando (junção de rap + pensando), do DJ MC Fino nos presídios de Manaus, existe desde 2008, e começou de maneira voluntária. De início ia só para fazer uma visita de aconselhamento a uma pessoa, e na ocasião também cantava, porém, começou a chamar atenção de outras pessoas deste presídio também. Foi, então, que DJ MC Fino organizou formações teatrais naquele presídio, onde fazia a atividade intitulada "espelho mágico", para passar a mensagem de que eles não eram o que a sociedade impunha, porque estavam na condição de detentos, era um trabalho de formação e autoestima.

 

Neste projeto, DJ MC Fino fez um acordo com a direção do presídio: para cada três dias de participação, redução de pena de um dia, contribuindo para alem da formação e autoestima, também no direito à liberdade, e, por meio do projeto, muitos conseguiram cumprir a pena e sair da prisão.

 

DJ MC FINO apresentou o projeto Opção Sonora à Secretaria de Cultura, para trabalhar formação e hip hop, com jovens periféricos, este foi um projeto que formou muitos dos artistas desta geração do hip hop manauara, fazendo com que Fino seja, também, educador, pois ele entende que hip hop é formação e transformação, muito além de cantar rap. E foi assim que DJ MC Fino ficou conhecido por seu trabalho de educação com a juventude que tinha contato, conhecido, não tão reconhecido, talvez se não fosse o epistemicídio que diminui todos os fazeres produzidos por pessoas negras. 

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O trabalho de educar demanda paciência e sensibilidade, e esse olhar direcionado a corpos periféricos, majoritariamente negros e indígenas, que os via como capazes e os encorajava, é humanizador, pois pessoas que muitas vezes são vistas sem perspectiva, recebem um outro tratamento por DJ MC Fino. E esse movimento de humanização atravessava as suas produções musicais, com um toque peculiar, pois, nos anos 80 e 90, não era comum, em Manaus, as músicas de rap terem back vocal, uma ferramenta, que, de certa forma suavizava as suas produções.

 

Desde os anos 80, gerações de jovens passaram por formações de arte e cultura com DJ MC Fino, mas ele também aprende e se surpreende com a nova geração do rap e trap, como relata quando conheceu Lua Negra e Aruack "Quando eu os vi cantando fiquei "caraca!", fogem totalmente do que estamos acostumados a ver, mais um ensinamento, por isso digo que sou um eterno aprendiz".

 

Aprendiz e educador, mais aprendiz do que educador, pois pra ensinar é preciso primeiro aprender, este é DJ MC Fino, longe do esteriótipo de brutalidade imposta aos homens negros, é um homem sensível e paciente, gerando juventudes potentes.

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